Feminismo e humanidade… construindo um novo tempo!
“O grau de civilização de uma sociedade é medido pela forma como trata a mulher…” (K. Marx)
No processo histórico de humanização, o ser humano construiu o seu mundo no trabalho e pelo trabalho, ao longo das transformações e emergências dos tempos que decorreram pelo trabalho, com objetivos materiais e subjetivos/ideológicos, a partir de patamar amplo e profundo de conhecimento e entendimento. Assim, produziu e alcançou um amplo estágio de desenvolvimento econômico/social, sem, no entanto, alcançar o progresso social como previsto pelo iluminismo/ positivismo, que consideram as novas relações de produção de trabalho livre, assalariado como o patamar da emancipação política, superando as relações servis do feudalismo; sem que a emergência da sociedade capitalista gerasse as condições para a emancipação humana ou a humanidade socializada, quando todos se reconheçam como de uma mesma família e tenham acesso a toda a riqueza material e espiritual, objetiva e subjetiva produzida socialmente.
De fato, a riqueza social gerada nesse processo foi apropriada privadamente e, nesta encruzilhada, ou se caminha para um outro modelo de organização social ou se retornará à barbárie. É preciso, então, aproveitar este momento para estudar, pesquisar, divulgar e semear saber, conhecimento sobre a relação entre o patriarcado e a lógica do capital; refletir e apresentar proposta de novas relações, resgatando a caminhada do ser humano em busca da verdadeira sociedade humana.
Por estar presente uma lógica patriarcal na essência da sociedade capitalista, na qual tudo vira mercadoria, é necessária a geração de uma essência que reconheça que a questão feminina é determinante na produção de novos tempos, em função das profundas transformações impostas por uma crise econômica/política/social/ideológica com traços de nazifascismo, num processo de manipulação ideológica e negacionista. Neste tempo partido de crise econômica/política/social/ideológica e de manipulação ideológica e negacionista, é preciso preparar as pessoas, sobretudo a juventude, para desvelar a realidade e construir, pelo conhecimento, outra realidade e gerar a sociedade verdadeira ou, mais precisamente, a emancipação humana.
Neste momento, em que “as forças produtivas e as relações de produção” se encontram num estágio de contradições e conflitos, estão postas as condições para a construção de um novo tempo, uma outra sociedade. Daí a importância de se entender a luta por liberdade e direitos, para que haja o reconhecimento de que sociedade é produzida como uma unidade em termos de humanidade, formando uma única família, humana, uma igualdade na diferenciação da unidade de cada um na particularidade histórica. Nesse processo, é determinante compreender a importância que a questão feminina tem para a emancipação humana. Esse embate envolve contradições, mas também condições para alcançar a realização da humanidade.
É preciso que a questão feminina seja entendida como reflexão, prática e capacidade de uma construção teórica como instrumento de transformação. E, nesse processo, é gerada a possibilidade de construção de novos tempos para a humanidade. A questão feminina deve ser pensada, analisada e transformada não apenas na interpretação, mas também na prática. E, a partir dessa concepção, é importante ter a capacidade de reconhecer que as transformações ultrapassem o embate ideológico e permitam a materialização desse projeto de humanização. Para essa realização, é preciso que a questão feminista não seja apenas ideológica, mas ação ético-político-prática. Somente com essa caminhada é possível alcançar a emancipação humana.
Na realidade, se a sociedade é patriarcal, é determinante se posicionar diante do feminismo, não importa a posição assumida, à medida que a questão seja abordada, pensada e compreendida de forma crítico-analítica, crítica e autocrítica, para que seja reconhecida como posicionamento transformador, porque, enquanto objeto de estudo, o feminismo tem que ser pensado como um processo, como uma caminhada para superar injustiças e desigualdades sociais e construir um novo tempo. Para transformar as relações sociais, é necessário aprender a pensar a partir da própria realidade e do contexto em que o objeto de estudo está posto. É a partir dessa elaboração crítica que se fundamenta a capacidade de desvelar a essência do objeto, ultrapassando sua mera aparência, compreendendo seu movimento e os elementos de transformação.
Deve-se ter a compreensão de que os seres humanos estão sujeitos e submetidos como mercadoria nessa sociedade capitalista, na realidade, uma organização social patriarcal e que, para transformá-la, torna-se necessário considerar as seguintes questões:
– De que forma é possível ultrapassar essa relação patriarcal?
– Quais os caminhos a serem propostos para superar essa sociedade do capital?
– Como analisar e debater o encaminhamento para a construção de novo tempo superando as questões de gênero?
– Aonde, a que lugar vai nos levar o feminismo?
– Que tipo de organização social poderá ser gerada a partir de então, para a emancipação humana?
Daí por que é importante compreender e assumir que, nesse processo de luta, a questão feminina é determinante; a luta feminista deve empreender a garantia de direitos de toda a população, independentemente de raça, classe, sexo, religião, política, ou seja, de quaisquer diferenças, diversidades na realidade, para criar a possibilidade de uma humanidade em que exista a compreensão de que a espécie humana é una e, nessa unicidade, seja reconhecida toda diversidade e, em consequência, toda unidade da família humana!
Realizada a “revolução política”, superada a relação servil, alcançados os direitos civis, é preciso, então, lutar pela emancipação humana ou humanidade social; para tanto, é preciso:
– implantação de uma democracia radical;
– implantação dos direitos humanos, superando-se as injustiças, a subjugação;
– liberdade para definir, no processo de humanidade, o que se quer para a vida, após a superação da divisão social do trabalho;
– garantia do valor de cada ser, superando-se a relação do valor de troca, quando tudo se transforma em mercadoria, e estabelecendo-se que tudo pode ser útil e as trocas podem se fundamentar no valor de uso;
– garantia do compromisso de que é preciso cuidar de todos os seres vivos gerados pela natureza e, consequentemente, de nosso habitat, o planeta Terra!
Essa é a luta de todos, sobretudo das feministas, na construção do novo tempo, da sociedade verdadeiramente humana!