Ivanilde Morais de Gusmão lança obra no 13º Festival de Literatura – A Letra e a Voz
A obra “NO REDEMOINHO DA VIDA A LUZ AFLORA EM MIM”, adaptação em forma poética do romance “O AMOR NÃO TEM BONS SENTIMENTOS” do escritor Raimundo Carrero, foi lançado no dia 29 de Agosto, no 13º Festival de Literatura – A LETRA E A VOZ –
Segundo Raimundo Carrero, que apresentou a obra, “Ivanilde Morais de Gusmão é uma escritora profundamente técnica, erudita e humilde, com formação no método dialético marxista.
Por isso reserva parte substancial do seu tempo para estudar, questionar e remontar obras de autores pelos quais alimenta admiração.
Neste livro ela trabalha o meu romance “O amor não tem bons sentimentos”, escrito justamente para refletir a condição humana nos seus aspectos contraditórios.
O leitor perceberá, imediatamente, que a linguagem se mantém a mesma do original, mas a construção do personagem investe nestas contradições e no choque do seu comportamento, cada vez mais agudo e mais extremo, oscilando entre a violência e a ternura, em opostos que se atraem e que se afastam, embora não se esgotem.
Ivanilde, assim, trabalha com incrível habilidade e engrandece o trabalho do autor.(…)”
Já Conceição Rodrigues, que prefaciou a obra, declarou: “Como quem descortina véus, maravilhando-se e surpreendendo-se, o exercício da técnica ousada da escritora que busca separar as cenas no sentido de apreender as substâncias constitutivas de tal texto literário transcende no intuito de captar a essência e a humanidade dos personagens altamente conflitantes e conflituosos que desenham expressivamente as contradições da sociedade, refletindo o processo de desumanização do homem: “Fiquei pensando que tipo de gente sou eu que vejo um corpo boiando, o corpo da minha irmã (…) e não sinto nada.”P. 15
A obra intensa, amargurada e contemplativa; o narrador é um também observador do mundo, das dores e de nosso estranhamento conosco e com as coisas que nos cercam: “Ficava ali contemplativo, diante do rio selvagem, selvagem e imundo, apesar dos peixes dourados”.P. 15
É através dos sentimentos de dor que nos unimos à tal verossimilhança universal que é a condição humana de aflições, de nossa qualidade provisória, neste redemoinho que é a vida e que somos nós mesmos.
Acompanhei um pouco do processo de trabalho da professora Ivanilde em transmutar tal narrativa.
O que quero dizer mais objetivamente, é que mexer numa obra como O amor não tem bons sentimentos pela complexidade e densidade humana, emocional inerente à escrita carreriana é brincar no meio de um vespeiro, é cutucar um enxame que descansa após o labor: não se pode sair impunemente; ou, como encontramos na obra No caminho de Swann, de Proust: “O tema da obra destacava-se em mim, ficando eu livre para adaptar-me ou não a ele;” (…) p. 7 .
Creio que em algum momento tal pensamento, talvez com uma roupagem diversa, tenha passado pela mente da organizadora durante toda a sua convivência com O amor não tem bons sentimentos.
O fato de sermos finitos, acordos temporários, é que nos faz buscarmos transcender no universo; e a Literatura, das maiores expressões de arte, nos traz a materialização de tal consciência – e mais: protesta e vai de encontro oposto ao que nos define enquanto sujeitos transitórios. É ainda um ato de repúdio a tudo que nos limita, finda, encerra.
O trabalho se deu num longo processo de maturação-feituramaturação
para que se alcançasse a transmutação: ciclicamente e incansavelmente, buscando apontar que no redemoinho da vida e a despeito dele, é possível que a luz não se consuma ou nos consuma, mas que esta mesma luz aflore trazendo o mais humano de nós. Sejamos redemoinhos: fortes, implacáveis, que passam rapidamente, entendendo, porém, que no outro e a partir dele podemos transcender, ainda que sejamos provisórios. Sempre haverá redemoinhos.”
Sobre a autora:
Ivanilde Morais de Gusmão, escritora, poeta, ensaísta, formada em Geografia e Direito pela Universidade Católica de Pernambuco-UNICAP; Pós-Graduada em Desenvolvimento Urbano e Regional – Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Professora Aposentada da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Estudiosa do Filósofo Karl Marx e da Literatura em geral. Tem como publicação: DINER DE NOËL e AUDE AU TEMPS.– in BRÉSIL EM SCÈNE II – DivineÈdition DIVA PARESI – Paris/França – março 2015; LITERATURA COMO INSTRUMENTO DE HUMANIZAÇÃO: uma perspectiva histórica – A PALAVRA – APL – Academia Pernambucana de Letras – Ano 3 – nº 5 – 2º Semestre de 2014.UM HOMEM NA PAISAGEM – in Coletânea – VIVA CARRERO – Recife, Bagaço, 2014.PARA COMPREENDER O MÉTODO DIALÉTICO: Uma aplicação prática no pensamento Marxiano – Recife/PE – Tarcísio Pereira Editor – 2013.DIGNIDADE NA MORTE: Direito do Ser Social Idoso – (Livro) – Recife/PE, Editora Livro Rápido, 2010. 2ª edição.UM CAMINHO PARA MARX – Livro – Olinda-PE: Livro Rápido, 2010 -Menção Honrosa pela Academia Pernambucana de Letras – APL-PE – em 2012.
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