Marx afirma que “é inerente ao sistema do capital a subversão pela qual a produção material dos homens se afasta irreversivelmente dos objetos dos próprios homens”. Este é um ponto fundamental. É da natureza, é da lógica do capital, é de sua maneira de procedimentos, é de sua intima estruturação, sem a qual ele não pode se pôr, enquanto capital, que haja um afastamento desde o início entre a produção dos homens e os objetivos dos próprios homens, ou seja, aquilo que os homens precisam para atender as suas necessidades se torna distante daquilo que os homens efetivamente fazem com o produto. É uma contraposição que remete ao que é ela própria, ou seja, a contraposição entre necessidade humana e necessidade do capital.
Isto porque o capital tem uma lógica que põe e resolve as suas necessidades. Pôr e resolver necessidades que são distintas das necessidades humanas, ou seja, a desestauração pela lógica do capital é uma negação das necessidades humanas e, ao mesmo tempo, a afirmação das necessidades do capital.
dizer que o capital atende às necessidades humanas por coincidência, mas não por opção. Um capitalista não monta a sua fábrica, não compra matéria-prima e não compra ou aluga trabalho, isto é, força de trabalho, para atender à humanidade, para ser socialmente útil. Esta tolice de falar na finalidade social do capital é uma patranha. O capital não se move por razoes relativas às necessidades humanas, isto é, às necessidades de consumo das pessoas. As pessoas tem necessidades, os homens tem necessidades, para isto necessitam, precisam de produtos, de utilidade, isto é, de valores de uso. O ser humano é um ser objetivo e enquanto tal é incompleto e na sua incompletude ele é obrigado a se relacionar com seres objetivos externos a ele, como outros homens, alimentos, vestimentas, casas, etc., etc… Isto para ficar só nas necessidades materiais imediatas, mas necessita também de bens espirituais. Então ele é incompleto, objetivo e incompleto.
Essa questão da objetividade do ser social remete a uma outra questão: trata-se de saber se é possível ou não relacionar cristianismo e marxismo. Este ponto ontológico da objetividade do ser social já resolve a questão. A ontologia marxiana exclui a possibilidade de existência de Deus. Isto porque Deus é um ser completo e a completude de um ser só pode se dar na abstração. Não há uma completude de um ser só pode se dar na abstração. Não há uma completude objetiva porque todo ser é relacional. Todo ser objetivo precisa de outro ou de outros para ser: a planta, o animal, o homem, precisam comer, beber. Então, precisam de objetos externos a eles. No caso do Ser Social, ou seja, do homem, ele precisa de outro ser humano para o seu relacionamento no plano reprodutivo e mesmo no plano da realização de sua individuação. Por exemplo, no caso específico da relação homem/mulher, que é a relação humana mais imediata. Então, a objetividade do ser social se põe no exato momento em que há uma relação homem/homem (homem/mulher).
A incompletude e a objetividade são duas categorias inseparáveis do Ser Social. Então, este homem, esta humanidade, por sua incompletude de carência, necessitando, portanto, de seres objetivos que supram estas carências, as quais são valores de uso. Um valor de uso é uma utilidade e, sob certos aspectos e dimensões, completa a incompletude do Ser. Uma planta precisa de água, se for sonegada água a planta ela radicalmente fenece. As necessidades do capital são outras, porque não é da lógica intrínseca do capital atender às necessidades do homem, às necessidades humanas, mas atender ao seu auto-movimento de ampliação. O capital produz não para dar de comer, ele produz para alimentar a si mesmo, de forma que ele se reproduza cada vez em tamanhos maiores, porque o capital que não se amplia fenece e morre.
Pondo a questão em linguagem direta, pelo menos alusivamente, de forma ontológica e não com as ressonâncias econômicas propositadamente, porque a questão chamada de “econômica” não é uma questão econômica. O que é economia? O que é chamado por Marx de economia são os fundamentos de produção e reprodução material e espiritual do homem. Isto é o que é economia e não tem nada a ver com esta pseudo-ciência contemporânea que calcula quanto de investimento, rentabilidade, isto não tem nada a ver com economia. Esta farsa chamada economia que faz as glórias acadêmicas e políticas de burocratas no poder é um universo, é uma parcela daquela produção cientifica do falso socialmente necessário. Falso socialmente necessário não significa inverdade absoluta, porque se fosse inverdade absoluta seria instrumentalmente ineficiente. Ele é falso ontologicamente. Ele é falso na essencialidade, porque o capital tem que ser rigorosamente ampliado, senão ele fenece, e ele é um crescimento infinito. Consequentemente, o capital faz tudo que for necessário para se mover nesta escalada de crescimento, e produzir cientificamente o falso é uma de suas necessidades.
Aparece agora uma questão interessante: a necessidade de crescimento do capital. O que é crescimento? É incorporação de valor! Incorporação de valor em escala ampliada. Se aquele produto que foi parar na prateleira transforma, passa pela metamorfose que o reconverte para o comprador em valor de uso, para o capitalista pouco importa, não tem o menor interesse. O que importa mesmo é o sujeito apanhar a lata, o vestido, a camisa, a vassoura, etc., na prateleira, e a partir do momento em que ele apanhou aquilo, ponto final, porque se ele vai usar qualquer um desses produtos, para o capitalista não tem a menor importância, para ele não tem diferença porque ele já realizou o valor, recebeu o dinheiro. Para o capitalista o importante é receber o dinheiro, ou seja, ter lucratividade.
É por essas razões fundamentais que a necessidade humana e a necessidade do capital se afastam. O homem se move precisamente para atender as suas carências. É preciso esclarecer que carência não é necessidade elementar da imediaticidade: matar a fome. No fluxo do desenvolvimento humano é satisfação e renovação de carências, e isso de modo perpétuo. Por isso é uma estupidez monumental supor que o sistema social ideal seja aquele que resolve as carências elementares, ao contrário, o sistema social ideal é aquele que supre e cria necessidades cada vez mais elevadas. Porque não basta suprir, veja o que aconteceu no Leste-europeu, ele supriu, numa dada proporção, certas carências e emperrou. E este é um dos aspectos mais grave do desastre econômico.
Não é por acaso que o capital explora de forma envenenada a produção de carências naquilo que é caricatural. que ele inventa embalagem nova, ele inventa geladeira de cor diferente. Ele inventa uma maneira distinta de comer o mesmo cachorro quente. em suma, ele inventa a moda. A moda é a forma farisaica e Ana corrompida de desenvolver necessidade. Com moda em si não é uma falcatrua, mas é um falcatruamento de uma verdade. Como comer ou como vestir não é, no seu sentido e estrutural básico, um equívoco. O equívoco é pensar como a China pensou, em arrumar roupa para todo mundo igual, o só com quatro cores diferentes. A moda expressa e da m forma a alienada ou estranhada uma dimensão fundamental da forma do homem, o isto ela é tão forte. Não é pela publicidade que é feita, volta-se a aquela questão, não é tapumes cidade em si que é forte. Não é por que a televisão é açambarcadora das consciências das, mas, não é que ela explora as verdades humanas sob formas estranhadas. Isto porque, se forma de comer, se formas de investir, se formas consequentemente de ser não fossem uma dimensão vital da existência humana, todo este aparato não funcionaria. Ele funciona porque me incide manipulatoriamente sobre uma verdade fundamental do homem.
Acontece que vai surgir, no decurso dos movimentos do capital, num dado momento, um fenômeno que é a maturação destes de raiz. Mais precisamente, é preciso observar que a necessidade humana é um limite para o capital. Rosa Luxemburgo tratou isto no começo do século. A necessidade humana, a cada instante imediato, é uma barreira para o desenvolvimento do capital, porque o sujeito que está produzindo qualquer produto, p.e., com doce, só pode produzir ao limite do com doce consumível, dentro de uma faixa de limite não só da quantidade a ser vendida como do espaço de sua distribuição, porque senão o produto vai ficar tão caro que ninguém vai poder comprar. Em é evidente que na medida em que se tem à multiplicidade das figuras do capital que esses apropriam do capital, há de aparecer outros produtos de pão doce, e estabelecendo a concorrência, aí então se tem a alimentação do mercado. Universalizar isso o para a produção industrial em escala, aí então o limite é bem definido. ora isto esbarra com uma dificuldade, com uma verdadeira contradição decisiva nesse processo. Por exemplo: se o sujeito é produtor de parafusos. Esta produção tem um limite e não se tem como mistificar o parafuso, no inclusive, os limites de mistificação dos parafusos é muito pequeno. Assim, como é que o capital se expande?
A expansão do capital tem um limite e Rosa Luxemburgo já dizia isto no começo do século, que é por causa dos limites da expulsão do capital que é organizada a produção do Estado e a produção militar, fundamentalmente. O que é uma maneira de escapar a esta imobilidade do gosto individual, e a organização do exército, da indústria armamentista, se estabelecem, através do Estado, padrões de produção em são plenamente consumíveis. E aí se faz muitas manobras militares, gasta-se todas as balas que foram produzidas e o exército baixa uma norma: não um sintoma deve economizar munição senão o treinamento não será bem feito. Aí então: bum, bum, bum, … gasta-se toda munição e nos anos seguintes se produz uma quantidade maior. Enfim, regula assim a produção!
Esta forma de expulsão do usada durante cerca etapa do crescimento do capital, todavia, chega o momento que nem isto mais resolve, porque é tão grande que o tamanho do capital esta organização não basta, é preciso e além disto. Mesmo porque o exército tem também os seus limites: o orçamento do país. Aí surgem as lutas em função do orçamento, as quer particulares ou do poder. Os países são e estão determinados, começa a, então, as surge mais fábricas de armamentos, mais outra, mais outra e os limites se põem. Por mais que se faça guerra, o limite está posto e o capital está maior.
Assim, este tipo de organização da produção se mostra como um limite curto para o desenvolvimento do capital. Chega com um instante isto é o que interessa fundamentalmente, porque é isto que leva o capital e a sua crise atual, quando a produção capitalista não mais consegue seguir sua lógica, isto é, a lógica de sua ampliação, a lógica da reprodução ampliada que ele principiou o e hoje atingiu o seu ponto máximo que é a produção destrutiva. O capital si converte em produtor destrutivo, porque do ponto de vista do capitalista, o consumo e destruição e são equivalentes funcionais. Por exemplo: si a maionese que foi comprada é consumida ou jogada fora, para realização do capital é a mesma coisa. Então, passa a ser feita uma produção que conduz, necessariamente à destruição. As manifestações mais elementares disso, as mais tênues, as mais brandas, as mais gentis: a embalagem do produto. Podia ser mais um papelzinho rápido, mas vira uma linda caixa cujo destino é o lixo. Aquele papelão, a impressora, a agência de propaganda que bolou o desenhista que fez, é etc., tudo aquilo termina na lata do lixo. A embalagem do pote de cosmético, lindo, rolha mirabolante, vale mais do que treme que está lá dentro. Qual é o fim um daquilo? O lixo!
E o segundo jogo mais avançado é a obsolescência programada. Programa-se o desgaste do produto de forma que o comprador seja obrigado a comprar 1 segundo dentro de um certo prazo. Por exemplo, um liquidificador podia ser eterno, já existe tecnologia há muitas décadas que poderia produzir nestas condições. A mesma coisa para qualquer eletrodoméstico, mas programa-se a sua obsolescência física. E isto é totalmente visível nos eletrodomésticos e nos carros. Não existe mais oficinas de reparos, a não ser no Brasil, em algumas regiões. Mas, não se tem mais o sujeito que sabia mexer naquilo. E agora com a indústria eletrônica, definitivamente, ninguém mais sabe mexer porque as peças são lacradas.
Quebra alguma coisa ali dentro, o que o sujeito só sabe fazer é tirar aquela peça e colocar uma nova.
Atinge-se e assim o ponto da produção destrutivo esta é literalmente a produção da destruição que é a potência enésima disso. É o momento em que o capital devora assim mesmo para poder continuar crescendo. Há assim, uma alta destruição do capital. Ele devora assim mesmo. Como? não mais apenas com embalagem, mas continua a fazer isto, já não basta que na a embalagem, já não basta à prova programação da obsolescência, não basta eliminar, inclusive, habilidades humanas. O que em habilidades humanas são eliminadas com isto. O sujeito era capitais dia a partir em várias sucatas antes de carros fazer um Cadillac 52 perfeito, o cubano é um gênio, tornou-se pelas carências. De partes diversas produz uma unidade! Fantástico!
Tudo isso é agora insuficiente para garantir o tamanho do capital. Tudo isso está em torno da tese fundamental das crises de superprodução. Isto porque se está diante de uma coisa que se chama capital superproduzido. Há capital demais. O problema não é falta de dinheiro no mundo. É excesso! Há décadas que é excesso. Há dinheiro de mais e dinheiro é capital, é uma das figuras do capital. Uma das figuras do dinheiro, uma das características, uma das suas capacidades, uma das metafísicas do dinheiro é se converter em capital. E eles têm que se converter capital, mas existe tanto que é impossível converter tudo e o capital chegou para isto: queima-se sistematicamente. Parte-se que nesta queima abre-se uma brecha para pôr novamente uma produção. Esta é tipicamente a produção destrutiva. O que ela passou a queimar? Passou a queima aparatos tecnológicos. Padrões tecnológicos inteiros são queimados mundialmente.
Porém, a queima de níveis produtivos para a reposição disto tudo, obviamente, não implica em que como cada aparato queimado aconteça o que? é força humano que foi queimada! é força humana que foi destruída! Por isso não é nenhuma novidade que o capital seja, desde o nascimento, antropofágico. Ele deglute o homem para se pôr. Agora, a produção destrutiva chegou a um que se tornou autofágica. A autofagia do capital é uma modalidade de sua tradicional antropofagia. No fundo, continua sendo uma antropofagia porque a queima de um aparato tecnológico num país em cada dois ou três anos, em escala mundial, é a destruição de riqueza, de recursos acumulados, numa escala fantástica! isto, no entanto, não é visível, ou melhor, é pouco visível. Disso não se fala, em pouquíssimos com poucos abordam esta questão. Muitas das ideias colocadas remetem a um Mészáros, que tem se dedicado a isto. E em um outro, Mandel, que também insiste, no não exatamente sobre isso isto, sobre estas linhas, mas há pontos de convergência apontando a crise do capital.
Assim, é a partir daí que se diz que a crise é a substância inerente à subsistência atual do capital. Isto porque se insere na mão se queima, ele não sobrevive. Este é o sentido da coisa. Ele tem que se queimar para sobreviver. Se esta queima, por exemplo, fosse parada por um mês, problemas mundiais galopantes se colocariam. É claro que quando se diz um mês, isto é uma metáfora! Porque o capital é cheio de mágica. Por isso, é preciso ver a realidade, não apenas naquela e escala em que a economia, que está pseudociência contemporâneo coloca o problema: entre rentabilidade e lucratividade. Coisa que aparece na televisão: se aumentar 10 centavos do salário mínimo quebram 20% das empresas. Isto não é economia política, isto é falcatrua da economia.
A questão que se coloca hoje é: se com essas medidas o capital sai da crise, o que acontece? se o capital sair da crise em que devora parte de si mesmo, ele não sai mais fortemente porque o agigantamento porque o fragilizou, enquanto estrutura é posicionado. Por que ele fica cada vez maior desajeitado o ponto. Veja um exemplo do cotidiano: um sujeito que tem dois metros de altura, aquele jogador de basquete que parece um orangotango. O capital contemporâneo é este orangotango. A cesta ela ensina e ele coloca a bola nela, ele se torna cada vez mais alto, daqui a pouco ele tem que sair do jogo por que ele é mais alto do que a cesta, ou então vai ter que mudar as regras do jogo. Queima-se a cesta que existe e bota-se outra mais alto. É o mesmo jogo de só que foi preciso arrebentar a rede anterior, a cesta anterior, para colocar uma mais elevada para continuar o jogo.
A autodevoração é a forma de subsistência do sistema do capital. Isto não deve leva a ilusão de que, no dobrar a esquina, o capital pesado, desejado, rombudo como está, possa tropeça sobre seu próprio peso e arrebentar sua barriga de chumbo. Não! mas, menos ainda, se pode identificar perfeição e perenidade unidade a este monstrengo alto-devorador. Mas isto não é visível. isto é testar na opacidade do efetivamente existente. Mas há um ponto onde é que o demônio mostra a cara. Isto se dá na ciranda do capital financeiro. Na dimensão do capital financeiro é que o desastre, ou melhor, a crise aparece. o capital financeiro é a expressão mais desenvolvida da alma do capital-ele nasceu com uma alma e espúria. Na gênese do capitalismo ele nasceu sob a forma do que se chamava de ” vil metal”, e o dinheiro sofisticado pelos movimentos do capital, chega à condição de em imperador incontrastável, de um deus, e este é o capital financeiro.
Ora, se se entende que o dinheiro é uma mercadoria com uma característica fundamental: é a mercadoria que vale por todas! Ele é o equivalente geral, universal. Assim, o capital financeiro é aquele capital que vai se tornar o mundo progressivamente, o valor dominante. Falar em capital financeiro é, afinal de contas, falar de um valor que predomina sobre todas as outras de valor. Como mercadoria que predomina sobre todas as outras, mesmo porque ele tem uma capacidade de uma circulação gigantesca, tanto que ele pode ter variações fisionomias, como aqueles monstros que dos filmes infantis, dos filmes educativos para crianças que passa na TV. Monstros que têm várias caras, e o capital financeiro têm várias caras.
Assim, o capital financeiro, ou seja, o capital dinheiro, ele pode ser: papel-moeda, antigamente era de ouro, prata, depois virou Bronze e agora é de alumínio. Pode-se papel, isto é, existe uma coisa chamada moeda contábil, moeda escritural. Alguém pode pensar que isso é coisa de grande capitalista, mas não é. A maioria das pessoas que trabalham não recebe dinheiro no banco? O que é este salário? É um número descritos no papel. Não tem moeda equivalente. Vivemos num mundo em que a moeda não tem uma raiz corpo. O que elas são alguns números e escritos numa folha de papel. Ou as pessoas pensam que quando o Tesouro Nacional manda, por exemplo, o salário dos professores, ele manda um caminhão com dinheiro? Ele manda é um papel de computador com números escritos, uma folha de papel. E mais uma operação que se dá no Banco que emite esse papel, ele tira aqueles números equivalentes à folha e põe um número da outra agência que foi a folha. Não passou uma moeda, não passou um pedacinho de dinheiro. Nesta forma pintada, prosaico foi ilustrada e o que é dinheiro contábil. O que importa aqui ressaltar é que o capital financeiro tem peraltices de toda ordem. Ele é absolutamente multiforme. Ele pode vir na forma de moeda, cheque, número num papel. Ele pode se converter em qualquer coisa, inclusive dólar, iene, marco, ouro, etc. Enfim, ele tem uma mobilidade que penetra a outros os polos do sistema produtivo. Por isso dizer que há um capital especulativo e um capital produtivo é mágica! Ninguém consegue dizer o que é capital produtivo e o que é capital especulativo. A distinção entre estes dois e a falácia, o que quer dizer que se elimina a possibilidade de dizer que, certas aplicações são puramente especulativas. mas o capital é, por natureza, especulativo. O capital possui nas suas interioridades uma dimensão especulativa a inata. o que é especular? É procurar crescer pela via mais rentável a cada momento! Ora, se produzir a amendoim enlatado dá grande renda, o capitalismo aplica a todo seu dinheiro na produção de amendoim, se passa a ser o automóvel, passa a ser a fabricar o automóvel, e se passa a ser excremento enlatado, ele passa a produzir excremento enlatado. Esse é o caráter especulativo do capital.
Então, o dinheiro que se com ou da simplesmente com um objetivo, ter mais dinheiro, é tão especulativo como outro qualquer. Talvez possa se admitir que tenha um grau a mais de especulatividade, mas é absolutamente uma fantasia de mau gosto dizer que este é o produtivo e a que ele é o especulativo. Como se o capital fosse ou tivesse duas almas ou duas naturezas. ele só tem uma alma e está alma é visceralmente especulativo. E um exemplo da crise mais visível é a fiança internacional. É o sistema financeiro internacional, num montante global, a sua efetividade. E onde isto aparece? Na expressão das finanças internacionais, ou seja, no sistema onde a peça decisiva são os EUA. A maior dívida política, a maior dívida mundial, o maior déficit do estado, o maior déficit comercial, o maior. Neste sentido é dos EUA. A soma disso um é algo em torno de trilhões de dólares, que ele financia com dinheiro do Japão, da Alemanha, da França, da Inglaterra, da Itália, é etc., etc. O Mészáros chama isso é de “imperialismo de cartão de crédito”. O que isto quer dizer? quer dizer que estes países vivem na subsunção ao esquema norte-americano o que é precisam dos mercados para vender os produtos e precisam de certos produtos que lá são feitos e que eles não têm por e a liquidez que é promovida por esse sistema de dívida torna o iene, o marco, ainda que em certos momentos fortes, absolutamente dependentes do destino do dólar.
Diante desse quadro, a dívida brasileira, latino-americana e terceiro mundista, de modo geral, é ínfima, absolutamente desprezível, diante da única dívida norte-americana. O que são alguns milhões de dólares perto de trilhões? Quem sustenta este esquema e toda a engrenagem do capital financeiro internacional? Essas quedas repentinas das bolsas de valores!
Dessa maneira, pela forma de produção, pela forma de atuação do capital financeiro, a crise é estrutural. Isto porque as crises claramente manifestas absolutamente claras do capital financeiro são consequências da crise estrutural. Por vezes é necessário queimar, num dia, dinheiro vivo, o que não muda dá para a queima um equipamento tecnológico, um aparato tecnológico. Uma queda na bolsa é algo desse tipo. Não é uma coisa deliberada por alguém, mas na correlação um desses fluxos, há um dado momento, se não se queimar um bocado de ienes a exportação japonesa decresce. E assim por diante.
Recife, janeiro de 2023