“Não criamos nossas ideias…”
É na existência que nos tornamos humanos.
Todos os sentimentos, sensações e as fantasias,
são apropriados pelos símbolos e representações.
Os grupos humanos, da família à nação são
universos isolados que se articulam infinitamente.
As coisas são efemeridades, não significam
vida eterna e, mesmo assim, um existir na
sua essência; isto porque, cada coisa, cada
elemento tem seu próprio brilho interior
captados pela percepção humana.
Perceber o Mundo é abrir as portas
do conhecimento,
do entendimento daquilo que é!
É preciso, portanto, desenvolver ação para
compreender a existência, a consciência e a
beleza das coisas na peculiaridade do vazio e
na sua despersonalização, bem como a perda
de noção do espaço e tempo e da liberdade.
As organizações sociais estabelecem,
para garantir a sua reprodução, a compreensão
do padrão das coisas, tanto na intensidade como
qualidade, e da importância de suas existências
para a sociedade. Neste processo o sentir e
o saber que estão na essência da coisa, do objeto
personificado, se esvazia de sua individualização.
É necessário, portanto, que, ao invés das coisas
terem apenas valor de uso, de utilização passam
a ter espaço, para sua contemplação e compreensão
real e verdadeira de sua forma, não só no campo
da visão, como também no sentimento e na razão
de ser de cada coisa em si, correlacionada às demais.
Entende-se que cada um do ser humano tem,
em potencial, a onisciência que se devolve com a
consciência e na capacidade de construção da vida.
As informações são filtradas, incluídas ou excluídas
no cérebro pelo sistema nervoso.
Cada ser humano é, no processo de percepção
Do mundo, tanto beneficiário como vítima
de uma construção linguística na qual se insere ao
nascer; isto porque, a língua permite ao ser humano
o benefício de ser um ser em construção, ao permitir
o acesso ao conhecimento do que lhe foi legado
pelos antepassados, bem como da experiência do/no
outro na convivência cotidiana. Nesse processo pode
reproduzir o legado, negar o que encontrou ao nascer
e, finalmente, transformar a própria realidade.
Os humanos, na realidade, podem ser impedidos de
transformar e avançar na humanização, na medida
em que, numa sociedade de classes, o saber é limitado
pelas possibilidades ao nascer e pelo idioma, formas
de acesso ao conhecimento e entendimento do saber.
Consequência dessa limitação é que, o ser humano
acaba tendo a certeza de conhecer a verdade, a
realidade dos fatos que capta e expressos nas palavras.
O nível de compreensão da realidade é limitado pelo
espaço no qual se insere e pela desigualdade social.
Daí, então, a compreensão de que se conhece a
realidade quando, na realidade, o que se sabe é um
saber limitado e estabelecido pelos idiomas e pelos
espaços econômicos-políticos no qual se insere.
O conhecimento, da maioria das pessoas, se limita
a uma redução da realidade nas expressões
idiomáticas de cada um inserido no sistema.
O resultado é que, as sensações consideradas
utilitárias, selecionadas pelos interesses de classes
da organização social, são consideradas como
verdades quando, na realidade, são apenas imagens,
impressões e sensações mistificadas pelos interesses
de classes que utilizam como instrumento para
manter a dominação e garantir sua reprodução.
Assim, os fatos reais são desprovidos de sua
utilidade biológica e social, nessa visão onisciente
e limitada pelo idioma e interesses da organização
social. O resultado desse entendimento é que, as
percepções extra-sensoriais, a beleza, a glória da
revelação, o significado e infinito valor das coisas,
assim como, a visão do fato objetivo são apenas
uma aparência da imensa expressão do mundo.
Para exemplificar, veja-se a percepção que o ser
humano tem das cores. Estas são vistas, consideradas
e percebidas como expressão biológica. São captadas
e compreendidas pelos seres espirituais e intelectuais
como necessário para a sobrevivência do
ser humano, enquanto ser social que produz
e reproduz o seu mundo com cultura e arte.
A busca pela percepção, em si, da realidade é,
então, uma determinação social para que o
humano possa, cada vez mais, humanizar-se!
Portanto, é determinante a busca do conhecimento
concreto da realidade e da organização social na qual
se insere, para compreender a essência e criar a
possibilidade de construção de um outro tempo,
cada vez mais, humano e assim continuar seu processo
de humanização, de emancipação; isto é, da sociedade
verdadeira humana ou humanidade social!